quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Como fazer as crianças comerem melhor?

Um dia desses estava andando no shopping e vi na vitrine de uma loja infantil a seguinte camiseta:


Confesso que me veio uma sensação de estranhamento... Por que colocar como estampa de uma camiseta pra crianças um macaquinho dizendo “dá um potássio aí” ao invés de simplesmente “dá uma banana aí”? Qual a relevância prática de uma criança saber que a banana tem potássio?
Isso é reflexo do que chamo de “nutricionismo na infância”: a crença de que vamos ensinar/convencer as crianças a comerem melhor pura e simplesmente por meio da educação nutricional: dizer a elas quais alimentos são saudáveis e quais não são, quais são os nutrientes que existem em cada fruta, verdura, legume... Ok, a informação de que tem potássio na banana é verdadeira, mas saber disso não necessariamente faz com que uma criança – ou mesmo um adulto! – coma mais a fruta. Isso seria muito reducionista. Comemos banana porque é gostosa, porque é prática, porque tem sempre em casa, porque me sinto saciada quando como...
O que, então, faz com que as crianças comam melhor e desenvolvam uma relação mais saudável com a comida? De forma bem simples: fazer com que elas se aproximem dos alimentos de forma neutra, lúdica e não julgadora, valorizando sempre as refeições em família e o prazer alimentar – quer ele venha de uma deliciosa cenoura laranjinha e docinha ou de um brigadeiro molinho e saboroso da festa de aniversário.
Tenho uma amiga nutricionista, a Maria Luiza Petty, que trabalhou bastante tempo dando aulas de culinária em escolas infantis, onde os alunos entravam em contato com alimentos in natura (e não já embalados em pacotes de supermercado!) e podiam eles mesmos preparar receitas deliciosas. Aprendizado por meio da curiosidade, do prazer e da culinária! Ela inclusive escreveu um livro chamado “Lugar de criança é na cozinha”, que pode ser comprado aqui.
A nutricionista americana Ellyn Satter propõe ainda uma divisão de responsabilidades entre as crianças e aqueles responsáveis pela sua alimentação (como os pais, por exemplo): os adultos devem se encarregar pelo que será servido, quando (que horários) e onde, enquanto que a responsabilidade das crianças é escolher o que e quanto/se vão comer.  Ou seja, não é papel das crianças decidirem que hoje no jantar vai ter hambúrguer se a mãe já havia decidido preparar arroz, feijão, bife e salada; assim como não é papel dos pais insistirem para que os filhos comam mais sendo que eles disseram que já estão satisfeitos. Para saber mais, vejam aqui.
Então, chame seu filho/irmão/primo para assistir “Ratatouille” e em seguida se aventurarem na cozinha preparando juntos o prato tema do filme. Se tiver bolo de cenoura com calda de chocolate de sobremesa melhor ainda :)
"Qualquer um pode cozinhar"

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