sábado, 13 de setembro de 2014

Mais um bom motivo para não julgar as pessoas pelo peso

Quando eu falo para as pessoas que trabalho bastante com transtornos alimentares, a primeira pergunta normalmente gira em torno disso:

- “Ah, anorexia, sei... São aquelas meninas que não comem e são bem magras, né...”

Pois bem. Infelizmente esse ainda é o estereótipo que paira sobre os transtornos alimentares:


Mas o que poucas pessoas não se dão conta é que não são só mulheres que têm transtorno alimentar (veja aqui e aqui). E que pacientes com transtornos alimentares nem sempre são tão magros e emaciados. Muitos podem ter peso “normal”. Outros, ainda, são obesos. Esse é o problema em julgar as pessoas pelo peso: você não tem como saber nada sobre as atitudes alimentares de uma pessoa olhando só o seu peso. E isso com certeza tem um impacto forte sobre o trabalho dos profissionais de saúde.

Um estudo australiano recente (veja aqui e aqui) observou um crescimento de quase seis vezes no diagnóstico de anorexia nervosa atípica em adolescentes num período de seis anos (de 2005 a 2010). Os pesquisadores consideraram anorexia nervosa atípica os quadros em que o paciente apresentava todos os critérios diagnósticos para a doença - restrição alimentar severa, levando à perda de peso; medo intenso de ganhar peso ou tornar-se gordo; distúrbios de imagem corporal -, exceto o baixo peso. Ou seja, observando só o peso desses adolescentes, sem investigar de forma mais profunda, seria possível acreditar que eles não tinham problema nenhum. Ledo engano...

Precisamos ouvir e entender melhor nossos pacientes. E para isso precisamos olhar além do peso.

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