segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Dieta que funciona é aquela que vende


Este final de semana (31/8) foi dia do nutricionista! Que alegria! Me sinto muito feliz por ter escolhido uma profissão que gosto muito e por meio dela poder ajudar as pessoas a terem uma relação melhor com a comida. Inclusive, fui comemorar comendo um Big Mac: fazia muito tempo que não comia, e era “Mc Dia Feliz”, aproveitei para ajudar as crianças com câncer!

Mas como nem tudo é comemoração, vamos aproveitar para refletir um pouco. Saiu na semana passada o resultado da pesquisa Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), que mostrou que mais da metade da população adulta brasileira (51%) está com excesso de peso. Em 2006, a taxa era de 43%.

Por que isso está acontecendo? Existe uma série de fatores envolvidos, mas um dos motivos, na minha opinião, é óbvio: estamos falhando com nossos pacientes. Continuamos usando a mesma estratégia de sempre (dieta) para lidar com o fato da população estar comendo mais e pior.

Mas se as dietas de fato funcionassem, essa porcentagem não estaria aumentando. Dietas acabam com o metabolismo. Dietas pioram a relação da pessoa com seu corpo e com a comida. Dietas aumentam a probabilidade da pessoa comer em resposta às emoções. Dietas aumentam muito o risco de desenvolver transtornos alimentares. O ciclo das dietas é algo que ocorre com 99% dos indivíduos, levando ao famoso “efeito sanfona”.


Então vamos para a segunda pergunta: por que muitas pessoas continuam apostando nas dietas? Porque o mercado das dietas é extremamente lucrativo e movimenta mais de 6 bilhões de dólares ao ano em todo o mundo. Ele é extremamente competente em promover insatisfação para depois poder vender a “solução”: são inúmeros os livros, revistas, pílulas, suplementos, equipamentos de ginástica, cintas, programas de dieta, shakes...

Pois digo aqui que sou nutricionista e não acredito em dietas. Não prescrevo dietas. Trabalho verdadeiramente com reeducação alimentar. Sou como um salmão nadando contra a corrente, mas o que me dá forças é a certeza de estar bem acompanhada pelos meus colegas do GENTA (Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares) e pelos meus pacientes, que acreditam num trabalho diferente pois já sofreram demais com as inúmeras consequências negativas das dietas. E toparam me acompanhar num caminho diferente, que promove aceitação corporal, autonomia alimentar e autoconhecimento. É um caminho mais difícil, porém duradouro.

Para terminar, um texto de uma americana que trabalhou anos a favor da indústria das dietas. E pede desculpas por isso.

Boa semana a todos!

Um comentário:

  1. Ana Carolina, parabéns pelo teu texto sobre reeducação alimentar.

    Desde menina fui gordinha e fiz as dietas mais malucas.

    Depois dos 40 anos (hoje estou com 53) é que comecei a ouvir falar em reeducação alimentar. Descobrir como é prazeroso mastigar um pedaço de repolho purinho, sem tempero algum e sentir o seu sabor. E assim proceder com cada legume. Depois comer as medidas de arroz e um pequeno pedaço de carne magra. E me alimentar mais vezes ao dia e em menores quantidades. E poder comer, de vez em quando, uma pequena fatia de torta. Por que não?

    Continua com teu trabalho. Vai valer a pena. SUCESSO!

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